Existe uma história que exemplifica o quanto um amigo é exemplo de generosidade e doação, e como podemos aprender com eles uma série de valores que nos fazem ser pessoas melhores. Essa é a história do pequeno (grande) Chen.
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Na época da II guerra Mundial, existia uma aldeia vietnamita que foi bombardeada. Sabemos que a guerra é um flagelo que, além do patrimônio material e natural, como as casas, os prédios, as florestas, etc., destrói as famílias, o sonho das pessoas, e enfraquece a esperança.
Foi construído nessa aldeia bombardeada um orfanato que recebia meninos e meninas cujos pais tinham falecido na guerra, e que não tinham nenhum parente que pudesse cuidar deles. Esse orfanato era cuidado por missionários que faziam de tudo para ajudar, mas muitos desses obreiros voluntários vinham de países distantes e falavam outras línguas, o que dificultava o entendimento do que os cidadãos vietnamitas diziam.
Entre as crianças muito feridas nessa guerra, existia uma menina órfã que necessitava urgentemente de um tipo raro de sangue. Os médicos constataram que precisavam correr para realizar a transfusão, pois a vida da menina corria perigo.
Então, médicos e voluntários se reuniram com as pessoas da aldeia, tentaram explicar a situação da menina e achar alguém que pudesse fazer a doação. A dificuldade deles explicarem as pessoas a real necessidade da menina era grande por causa do idioma. Eles gesticulavam na busca de um voluntário que doasse o sangue e salvar a pequena órfã.
Depois de um silêncio viu-se que um menino levantou o braço magrinho, o seu nome era Chen. Os médicos prepararam tudo para que a transfusão fosse feita, os médicos então fizeram os exames e descobriram que Chen poderia ser doador.
O rosto do pequeno guerreiro se contraiu quando a enfermeira espetou a agulha no seu braço, e ele ficou ali em silêncio, ao lado da menina desacordada, enquanto o seu sangue fluía para ajudá-la.
O médico percebeu que, de vez em quando, Chen soluçava, esfregava os olhos, respirava fundo, e logo ele começou a chorar baixinho. O médico quis saber o que incomodava tanto o menino, pediu que uma enfermeira vietnamita conversasse com ele e perguntasse se ele estava doente, e o que o afligia.
Com voz meiga, a enfermeira se aproximou de Chen e conversou com ele, o médico percebeu que a fisionomia do menino começou a mudar, e que ele parecia mais aliviado.
A enfermeira, então, explicou ao médico que o menino acreditava que ia morrer, pois ele tinha entendido que teria que dar todo o sangue para a menina não morrer.
O médico então se aproximou de Chen e perguntou: “Se você achou que seria assim, por que você se ofereceu para doar seu sangue?”
E Chen respondeu simplesmente: “Ela é minha amiga”.
*Algumas reflexões: Voltaire, um filósofo francês, afirmou que “os maus têm cúmplices, os gozadores têm companheiros de farra, os gananciosos buscam sócios, mas, apenas os homens virtuosos têm amigos”. Essa frase de Voltaire aponta para uma das principais características da verdadeira amizade, ela é um sentimento sustentado por valores como a sinceridade, a generosidade, e o afeto. A amizade é um sentimento recíproco, ou seja, firmado no dar e no receber, no ajudar e no “se permitir” ser ajudado. Uma amizade sincera é uma fonte de alegria, renova a esperança, e pode facilitar a boa convivência.Gosto de pensar a amizade como uma semente que a gente planta, rega, cuida para que cresça saudável e forte. Muitas amizades começam ativadas pelo companheirismo, um colega é a semente do amigo que o tempo, o cuidado, e o respeito vai fazer florescer e frutificar. A amizade pode ser pensada, também, como um tecido, nós somos os fios que se entremeiam e juntos, formam verdadeiras obras de arte. A inveja, a ambição, a traição, são nós nesse tecido que as vezes são muito difíceis de desatar. Mas, somos humanos, estamos sujeitos a cometer erros, as vezes somos intolerantes, mas é preciso que saibamos que um bom amigo é capaz de perdoar, pois o seu coração é bom. A simpatia, a boa vontade, o interesse sincero pelo outro faz com que a amizade se torne, a cada dia, mais forte. Estar em grupo é uma oportunidade de cultivar amigos. Regamos a amizade com palavras gentis, gestos fraternos, ações de solidariedade... no final o milagre acontece, colhemos GRATIDÂO! Refletir sobre a amizade é refletir sobre nós mesmos, sobre como nos relacionamos com as pessoas. É tão bom quando percebemos que somos alguém que pode ajudar um outro alguém, é uma dádiva ser útil ao nosso próximo, até porque lembramos que, um dia, uma pessoa perguntou ao mestre Jesus quem era o maior entre os homens, e o mestre respondeu que o maior era aquele que estava servindo. O amigo é, antes de tudo, um servidor! |