O ambiente no qual a pessoa vive pode ser tanto um fator de risco, quanto um fator de proteção contra o uso das drogas. Segundo pesquisas da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (2011, p. 8), “há vários indícios de que estímulos ambientais podem alterar o risco de usar drogas, [bem como] o papel do estresse na adicção”.
Tomando como base o conhecimento de que locais ricos em estímulos positivos e menos estressantes reduzem a ânsia da autoadministração das drogas, especialmente da cocaína, sugerimos que as CTs cuidem para os seus espaços sejam agradáveis, não estressores e nem opressivos, bem como, de produção e de valorização das pessoas que estão em tratamento.
O setting terapêutico, ou seja, o local onde acontecem as oficinas lúdicas terapêuticas, −uma sala, uma biblioteca, um espaço compartilhado com outras atividades−, deve cumprir essa meta e ser aprazível, estimular à permanência, favorecer o desenvolvimento do potencial criador do participante.
Nesse espaço acolhedor, o dependente em recuperação sentirá segurança para falar sobre si, suas dores e preocupações, e compartilhar expectativas, exercitando a autonomia e encontrando dentro de si outro espaço, −esse simbólico−, mundo interno onde serão gestados sonhos, esperanças, novos projetos de vida.
Outro ganho importante que esse espaço de criação facilita é a transformação do vínculo inicial (entre os participantes e o facilitador) em relação terapêutica. O exercício de relacionamento (consigo e com o outro) fortalece os pilares do tratamento, promovendo um amadurecimento psicológico individual e grupal.